ÁFRICA
“Não existem países pobres. Existem países empobrecidos.” Dizia uma formadora de um país da América Latina fustigado por guerrilhas alimentadas pelo narcotráfico. Estou em África, num país fustigado pela fome e pela miséria, e veio-me à memória aquela frase.
Teranga, significa a arte de bem acolher. E que bem acolhido eu me senti, como em nenhuma outra viagem, e o meu coração bateu forte, muito forte. Em vários momentos me afastei das pessoas que me circundavam para que as minhas lágrimas pudessem correr livremente. Não, não era pena. Era Amor. Era o meu coração que chorava. Estou de férias. Sou um forasteiro que em breve regressará ao seu país, onde tudo parece melhor, mas não é. Aqui há fome de comida e abundância de Terra. Não meu país há abundância de comida e fome de Terra. Perdemos a ligação com a Terra. Falta-nos alegria, entusiasmo… fome de viver! Aqui as plantas curam e os ritmos dos tambores exorcizam e devolvem-nos a força vital. África tem isto. Com pouco fazem muito.
Estou de férias num país que exportou escravos para muitos lugares do planeta, sempre explorados por brancos ricos e poderosos. À sombra de uma baobab, em nome de todos os brancos, ajoelho-me e peço perdão a todos os negros, a todos. Às vezes, no meu país, também me sinto nessa condição, de escravo.
Se acredito que temos sempre escolha, dou comigo a perguntar-me qual a escolha possível deste povo para resolver o problema da fome, da saúde e da falta de condições de vida? E recordo a interdependência entre todos nós. Podemos dar as mãos e resolver todos os problemas do mundo. Podemos escolher olhar para cada pessoa como um irmão. Quando o fizermos, viveremos numa abundância nunca antes experimentada na história da humanidade. Estamos quase lá, e estamos a ser empurrados para lá. Entre a Vida e a morte, que tenhamos a lucidez e a coragem de escolher a Vida.
Estamos dispostos a olhar para os africanos como iguais, como irmãos?
Estamos abertos para darmos as mãos?
Estamos com vontade de aprender o que África, e os africanos, têm para nos ensinar?
Estamos disponíveis para partilhar o que temos e o que conhecemos?
Está nas nossas mãos a construção de um mundo novo, abundante, pacífico e harmonioso, onde todos desfrutamos de viver uns com os outros, num grande jardim que é o planeta Terra. Bem-vindos ao jardim, que estamos a construir! Gratidão a todas e todos os que o estão a construir!
Dixit